"Existe um espaço entre o tesão e o descontrole onde se misturam loucura e sonho... É neste espaço que quero me perder com você... Élfica"

domingo, 1 de junho de 2008

Élfica... como nasceu a Élfica...



Minha adesão ao BDSM aconteceu de uma forma muito linda: alguém a quem amei muito me introduziu neste meio... claro que ninguém "vira" submissa ou domme de uma hora pra outra... a submissão sempre esteve lá dentro, latente... faltava apenas alguém cuidar deste jardim para que a semente encontrasse o caminho para brotar... e eu tive esse Semeador, ou melhor, ELE me teve.

Isso aconteceu há algum tempo e ELE me batizou por Layla, como na música de Eric Clapton...


You’ve been running, and hiding much too long

(Você tem corrido, e se escondido há muito tempo)


You know, it just your foolish pride

(Você sabe, é o seu insensato orgulho)


Layla
(Layla)

...
ELE brincava com partes da música, sempre brincava... era um homem divertido e severo, irônico e maravilhoso, sarcástico e paternal, romântico e austero. A vida parecia um sonho junto dELE... cada dia um dia diferente, uma descoberta nova, uma aventura inimaginável... ser desvendada por alguém como ELE foi um prêmio. Soube respeitar cada milímetro das minhas dificuldades, me guiou com paciência, carinho e sempre me incentivando a viver experiências novas, dentro do que considero SSC. Vivemos quase vinte e quatro meses de descobertas e superações, carinhos e amor... eu O amava... mas, tudo tem um prazo de validade e um dia esse castelo começou a ruir...

Não dispenso aqui meu precioso tempo pensando ou tentando entender o motivo de tudo ter terminado drásticamente como aconteceu... ELE não está mais entre nós, mas o que guardo dessa relação foram as delícias que vivemos juntos e que só a nós dois cabe ter em lembrança... enterrei Layla com ELE.


Depois de tudo findado e eu ter me recuperado à longas penas, com o imenso apoio e auxílio de dois imensos Amigos, Maria Helena e Mestre CARLOS - eles me recolheram (sim me recolheram todos os cacos em que me transformei), tentei recomeçar a minha vida, mas de uma forma completamente baunilha. O que acontece com todos nós que provamos o doce veneno de ser e viver a essência é que nunca mais conseguimos viver sem esse veneno: o corpo pedia, a alma, o coração, tudo! Não conseguia mais viver uma relação baunilha convencional, castrada, toda fragmentada, podada, eu precisava ser a fêmea que estava latente, desesperada pra sair lá do fundo do calabouço...


Com a ajuda dos meus imensos Amigos, nasceu a Sweet Butterfly. Os mesmos sonhos e anseios numa mulher diferente, mais madura, mais plena e mais faminta... Foram tempos difíceis e em várias ocasiões ricos e maravilhosos. Foi vivendo a S.B. que conheci pessoas que até hoje me influenciam, como Mestre K@, o Amigo Mestre K@, pessoa que jamais esquecerei em minha existência: caráter inabalável, humano e humanista, um Homem que vive seus ideais - essa é uma das qualidades que mais prezo, porque alguém que só planeja seus ideais e não os vive, é um ser pela metade... Mestre K@, assim como Maria Helena e Mestre CARLOS, são pessoas totais, completas...


Mas Sweet Butterfly foram tempos de "dedo podre"! rsss Hoje consigo rir bastante dessa fase em que eu chorava constantemente. Cheguei a acreditar que meus sonhos não existiriam jamais... Amarguei três tentativas de coleira, inclusive, numa dessas tentativas, caí naquelas armadilhas que toda submissa teme: o falso dominador... depois de tantos cuidados, ele tentou me estrangular, no primeiro encontro! Pra me salvar, precisei lutar, (literalmente) para fugir de um esquizofrênico em crise. Não basta a gente fazer todas aquelas entrevistas, sondar a pessoa, perguntar sobre, conhecer as ex-subs dele pra checar as referências... ainda temos que pedir atestado de sanidade mental! Mas deixemos esse capítulo... sempre virão outros...

E vieram! Conheci os "dominadores" mais loucos do mundo! Ouvi coisas que parecem pesadelos, mas sempre à distância, não me aproximei de mais ninguém... só contatos pelo msn, telefonemas... A gente vai se forjando sozinha quando se entorta demais.
Depois de todas as tentativas, passei a crer que o nome Sweet Butterfly não tinha boa estrela... então eu a enterrei.

Fiquei uns dias pensando algum nome que não tinha nada em comum com o mundo real... Estava fazendo uma pesquisa pro curso de mestrado, sobre Tolkien... deparei-me com The Silmarillion: encantei-me! Sempre devorei livros, mas este era especial: na literatura tolkieniana, tanto homens como elfos são Filhos de Ilúvatar, tendo, por isso, características comuns mas as diferenças são bem distintas, a começar pelo plano físico... mas as características que mais me seduziram para compor a Élfica, são a imortalidade dos elfos, eles não envelhecem nem adoecem e se forem mortalmente feridos ou sofrerem um grande desgosto, reencarnam nas Mansões de de Mandos, em Valinor. Os elfos também vêem e ouvem muito melhor que os homens; normalmente apercebem-se de muitas coisas que os homens não se apercebem.

Era isso o que eu queria para criar a energia da nova submissa: uma mulher parecida com as outras, mas com essas características que, somadas às minhas, me finalizassem uma criatura especial, diferente... concernente a elfo, élfico... eu, uma espécie do gênero feminino... Élfica! E isso foi interessante... criar a identidade da minha submissão com esse nome me deu novos ânimos. Até a minha sexualidade ficou mais forte, poderosa... as intempéries da vida não me afetam mais como antes: sempre estou preparada, faço uma leitura do mundo de uma forma que vise não me magoar: somos nós que transformamos o Bem e o Mal... optei pelo Bem.

A Élfica tem esse poder, transformar as energias em algo produtivo. Não deixo mais nada me machucar.
E assim, vivendo, agora sob essa nova forma e nome que minha submissão está a cada dia mais próxima da plenitude... meus sonhos se concretizam constantemente.

Há poucos dias, mais precisamente dia 08 de maio, tirei mais uma coleira. Doeu tanto, mas tanto, que achei que jamais voltaria a querer ser quem eu finalmente tinha descoberto ser. Eu não estava mais sozinha: estava grávida e meu dono me abandonou sozinha. Era a minha primeira gravidez. Era... por causas naturais o bebê não está mais em mim. Sofri mais do que pensei aguentar. Queria morrer, queria sumir, mas como sempre, alguns Anjos maravilhosos dividiram comigo esse momento e essa dor... O tempo sempre cura...

Ontem, conversando com uma nova Amiga, as palavras dela me fizeram retomar fôlego... Yukari me mostrou a vida por outra leitura, a leitura sensível e ao mesmo tempo forte que só ela tem... talvez ela nem saiba a transformação que causou em mim, mas graças a ela, essa noite foi a primeira em que eu realmente me entreguei ao sono e dormi como os justos... dormi leve, calma, acordei feliz e forte.
Minha submissão? Continua inabalável, edificada, sublimada, calma, mais forte a cada dia, mais bela. Um dia, há algum tempo, uma pessoa, um Mestre, ao me ver servindo ao meu Mestre, disse que jamais havia tido a oportunidade de enxergar submissão transbordando por olhos, poros, cabelos, como naquela ocasião. Parabenizou meu Mestre por minha postura, e este não havia enxergado o que uma pessoa que nem me conhecia enxergou... hoje, quando me lembro disso, realmente tenho a certeza de que eu nunca soube escolher direito... Por quê? Por quê nos valemos de tantos cuidados, tantas verificações, como se fôssemos analistas diante de pesquisas, resultados, avaliações, planejamentos, procurando a fórmula certa, o caminho correto para não fracassarmos... pra quê tanto? Por quê as pessoas mentem, enganam, usam as outras? Por quê não temos em nosso meio uma quebra de sigilo, por quê não damos "nomes aos bois" e entregamos as pessoas falsas com nomes e sobrenomes reais, para que outras submissas não caiam em mãos indignas? Somos submissas SIM, digo por mim, EU SOU SUBMISSA, minha alma, meu coração, minha identidade é submissa, mas não sou idiota, nem burra... crer é uma necessidade do ser humano... eu acreditei nEle. Fui amada até a raiz dos cabelos... fui desejada constantemente... servi de todas as formas que poderia... vi meu dono pleno e satisfeito. Um dia, meu dono não era mais meu dono, tornou-se meu inimigo e não vi isso. Em dois dias ele transformou minha vida feliz numa crônica infernal... Mas, como toda elfa, eu me regenero... estou retornando das Mansões de Mandos, em Valinor... estou mais submissa, mais linda, mais forte e mais determinada que nunca.

A minha submissão não tem preço, não tem tamanho, não tem cor... recebê-la, compartilha-la será mérito de alguém que verdadeiramente souber me guiar, me conduzir, um dia... no futuro, quem sabe... por enquanto, vou deixar essa minha criança solta, feliz e livre correndo pelos Jardins que eu mesma construi e compartilho com meus pares e pessoas BDSM...


Por favor, se você que me lê não for totalmente uma pessoa que vive, mas VIVE mesmo o BDSM, saia do meu caminho. Para ser meu amigo, meu dono ou meu parceiro, terá que me mostrar a tua alma... só assim o enxergarei completamente, as tuas verdades, teus ideais, teus sonhos... não quero mais pra mim alguém que não tenha e não creia nos sonhos... sonhos próprios e os meus... quero somar corpos, ideais, desejos, felicidades, anseios, tesões, realidades...

Namastê.

Um comentário:

  1. Estou fascinada aqui... ainda não tinha visto outra elfa sub, rs, pensei ser a única, rsrsrs

    Nem sei o que dizer, rs, obrigada, Namastê!

    [diva_elfa]AL lhe deseja o bem

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Flores no Jardim...