"Existe um espaço entre o tesão e o descontrole onde se misturam loucura e sonho... É neste espaço que quero me perder com você... Élfica"
terça-feira, 26 de maio de 2009
Segunda Estrofe...
imagem: Sylvia Ji
SEGUNDA ESTROFE
* *
esquinas meretrizam
esqueléticos ângulos
na noite desfocada.
unhas negras, peitos brancos,
hora sem cor,
autofágica garganta absorve
o asco de tudo.
Claudio Daniel
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Francesca Woodman 2...
O corpo como laboratório de si...
Francesca Woodman nasceu em Devem,
Colorado,
em 1958.
Começou a fotografar
aos 13 anos.
Seu foco de experiência
era o próprio corpo.
Em Janeiro de 1981
publica o livro
“Disordered Interior Geometries”.
Uma semana depois,
atravessa
a janela
do seu
apartamento.
estranhamento
força indescritível de
sua presença
atração
seduz-nos
um canto de sereias
o inferno é ver
um quase mal-estar
OLHAMOS
não conseguimos apreender
um vulto que seduziu sem deixar pistas.
viagem sem volta ao
limiar do corpo.
tumulto animal da vida
rastro secreto
confundindo-se com
a pedra
um corpo
deitado,
na dor,
no sono
ou
na morte.
É a dispersão do corpo,
do rosto e
do próprio olhar,
de um corpo que
jaz
enterrado
na fronteira
entre
a ausência,
a aparição,
o desaparecimento.
A verdade de sua aparência
é um enigma,
um exílio.
Sua substância acontece,
fora de si,
no espaço que há
entre a força
que o move e
o mundo que
o acolhe.
paixão
dor
morte.
abertura
fissura
olhares
incomunicável
passível comunicação
deserto
paisagem
A fotografia
febre
morticidade
vivo e morto
...
Francesca Woodman nasceu em Devem,
Colorado,
em 1958.
Começou a fotografar
aos 13 anos.
Seu foco de experiência
era o próprio corpo.
Em Janeiro de 1981
publica o livro
“Disordered Interior Geometries”.
Uma semana depois,
atravessa
a janela
do seu
apartamento.
estranhamento
força indescritível de
sua presença
atração
seduz-nos
um canto de sereias
o inferno é ver
um quase mal-estar
OLHAMOS
não conseguimos apreender
um vulto que seduziu sem deixar pistas.
viagem sem volta ao
limiar do corpo.
tumulto animal da vida
rastro secreto
confundindo-se com
a pedra
um corpo
deitado,
na dor,
no sono
ou
na morte.
É a dispersão do corpo,
do rosto e
do próprio olhar,
de um corpo que
jaz
enterrado
na fronteira
entre
a ausência,
a aparição,
o desaparecimento.
A verdade de sua aparência
é um enigma,
um exílio.
Sua substância acontece,
fora de si,
no espaço que há
entre a força
que o move e
o mundo que
o acolhe.
paixão
dor
morte.
abertura
fissura
olhares
incomunicável
passível comunicação
deserto
paisagem
A fotografia
febre
morticidade
vivo e morto
...
terça-feira, 19 de maio de 2009
S.L.
sábado, 16 de maio de 2009
Deixa eu cuidar de você?
Ele tentava esquecer uma mulher chamada Rita. Conforme o uísque diminuía na garrafa, Rita misturava-se aos poucos com outra chamada Helena, ele repetia como-amei-aquela-mulher-nunca-mais-nunca-mais, enquanto ela sentia algum ódio, mas não dizia nada, toda madura repetindo isso-passa-questão-de-tempo-tudo-bem. Para espanto dele, ela falou o nome daquele homem de antes, de outros também, Alexandre, Lauro, Marcos, Ricardo – ah os Ricardos: nenhum presta – e ele também sentiu certo ódio, nada de grave, normal, tempos modernos, mero confronto de descornos. Falaram então sobre as paixões, os enganos, as carências e todas essas coisas que acontecem no coração da gente e tudo, e nada. Dançaram de novo. (…) Ela deixou que a mão dele descesse até abaixo da cintura dela. E numa batida mais forte da percussão, num rodopio, girando juntos, ela pediu:
- Deixa eu cuidar de você.
Ele disse:
- Deixo.
Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o Paraíso”.
Já não tenho fantasmas...
sexta-feira, 15 de maio de 2009
... nº 10
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Charles Bokowski...
"A puta abertamente profissional representa uma ameaça de colapso capaz de levar toda a sociedade americana de Desempenho e Dinamismo direto para o cemitério. Ela desvaloriza a buceta..."
terça-feira, 5 de maio de 2009
Precisa-se...
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.
P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Precisa-se, Clarice Lispector.
P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Precisa-se, Clarice Lispector.
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