"Existe um espaço entre o tesão e o descontrole onde se misturam loucura e sonho... É neste espaço que quero me perder com você... Élfica"

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quero voltar pra casa... pra MINHA casa... esta:

...







"Assim terminou a Primavera de Arda.
A morad
a dos Valar em Almaren foi totalmente destruída, e eles
não tinham nenhum local de pouso na face da Terra.
Por esse motivo partiram da Terra-média e foram para a Terra de Aman, a
mais ocidental de todas, junto aos limites do mundo; pois
seu litoral oeste dá para o Mar
de Fora, que
circunda o Reino de Arda.
E como Melkor estava de volta à Terra-média
e eles ainda não tinham como derrotá-lo, os Valar fortificaram sua morada e,
junto ao litoral,
erguera
m as Pelóri,
as montanhas de Aman, as mais altas de toda a Terra.
E acima de todas,
e
levava-se aquela em cujo pico Manwë instalou seu trono,
a Taniquentil.

Por trás das muralhas,
os Valar estabeleceram seu domínio na região chamada Valinor.
Nesse território seguro, eles acumularam enorme quantidade de luz
e tudo de mais belo que fora salvo da destruição.
E muitas coisas ainda mais formosas eles voltaram a criar;
e Valinor tornou-se ainda mais bela do que a Terra-média na Primavera d
e Arda.
E não havia mácula alguma em flor ou folha naquela terra;
nem nenhuma decomposição ou enfermidade em coisa alguma que fosse viva;
pois as próprias pedras e águas eram abençoadas."





O Silmarillion... a gênese segundo Tolkien...
O filólogo inglês John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) criou uma saga maravilhosa que contagiou gerações e continua povoando a imaginação de leitores com aventuras que remetem a eras longínquas e terras habitadas por seres fantásticos. Muitos críticos viram em seus livros reflexos simbólicos da realidade européia do período entre guerras e da Guerra Fria.

Com certeza, deve haver alguma correção nisso, uma vez que Tolkien combateu na Primeira Grande Guerra e publicou seus livros entre as décadas de 30 e 50. O Hobbit foi escrito em 1937. A trilogia O senhor dos anéis, que o tornaria conhecido internacionalmente, foi escrita entre 1954 e 55, e fez enorme sucesso nos anos 60.

Com o lançamento do Silmarillion, o leitor brasileiro finalmente tem acesso à obra completa de Tolkien sem precisar caçar as edições da Europa-América, de Portugal (excelentes, diga-se). Embora o livro só tenha sido publicado quatro anos após a morte do autor, graças à cuidadosa edição de seu filho Christopher, começou a ser escrito em 1917, quando Tolkien era tenente do exército inglês em serviço na França. No início, os rascunhos a lápis em caderninhos variados pretendiam se tornar uma série de contos (O livros dos contos perdidos). Com o tempo as anotações se multiplicaram e, mesmo escritas muitas vezes às pressas, traçaram um painel colossal das origens da Terra Média e de seus habitantes: hobbits, elfos, monstros, homens, anões, fadas e magos. É divertido imaginar o austero professor de Oxford, à noite, em frente à lareira, rabiscando odisséias míticas enquanto degusta seu inseparável cachimbo. Para os alunos, o professor era esquisito. Para seus leitores fiéis, um criador fabuloso.

O Silmarrillion é o livro da criação do universo de Tolkien. Nele desfilam as genealogias mitológicas que fundamentarão os ciclos históricos da Terra Média. É como o texto bíblico do Gênese. Na versão de Tolkien o mundo tem origem na música, proposta pelo criador Ilúvatar. Como na tradição bíblica, entre os sagrados (variante para os anjos), há aquele extremamente talentoso que desafia as regras do criador e estabelece uma dissidência, Melkor. A riqueza de detalhes mitológicos, as genealogias dos personagens, os cenários descritos e mapeados com rigor, as variantes narrativas, o trabalho de criação de uma linguagem própria e muitos outros recursos (como uso de poesia e música) fazem dos livros de Tolkien uma fonte inesgotável de deleite, aprendizado e revelação.

As silmarils eram as três gemas perfeitas entalhadas pelo elfo de maior talento, Fëanor. As pedras foram roubadas pelo senhor das forças obscuras, Morgoth, uma espécie de personificação do mal na Terra. As gemas foram engastadas em sua coroa de ferro e sua recuperação gerou a feroz batalha entre os altos-elfos e as forças negras de Morgoth. Como se vê, a clássica luta entre os poderes da sombra e os da luz. Tolkien alia com extrema habilidade e criatividade elementos da mitologia celta com os da greco-latina. Além disso, o autor acrescenta fortes doses de lendas medievais e do romanceiro de cavalaria. Também é fácil identificar a presença marcante das fábulas nórdicas de duendes e gnomos. Mas o resultado nunca é uma mera paródia. Ao contrário, sua ficção nos oferece um mundo próprio, perfeitamente fechado em si, com uma coerência impressionante. Os elementos se combinam e se completam em múltiplas direções, convergindo para aventuras emocionantes. Há momentos de forte tensão, outros comoventes. Não é à toa que o autor teve que antecipar a edição dos volumes dois e três da trilogia O senhor dos anéis por pressão dos leitores, que ficaram ansiosos por acompanhar os desdobramentos da misteriosa demanda do jovem hobbit Frodo.

O Silmarillion representa uma espécie de suma teológica do complexo mundo dos hobbits. Leitura para quem ainda se encanta com fábulas e sabe que a magia faz parte da realidade... como EU.




Tolkien...



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